Início > Notícias > A Vila De Coruche recebeu os Missionários de Schoenstatt

A Vila De Coruche recebeu os Missionários de Schoenstatt de Restelo-Lisboa entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro. Estes têm como objetivo fazer Missões Familiares Católicas, em várias instituições como lares, ATL’S, CRIC ou porta-a-porta.

A equipa e os jovens do ATL foram presenteados ao longo desta semana com a energia, a alegria e a emoção deste grupo de jovens missionários, que entre partilhas de vivências e de momentos bem passados nos irão deixar saudades. Antes de partirem, um jovem missionário, o António, que nos acompanhou esta semana, quis partilhar a sua experiência enquanto missionário em Coruche. Conheça aqui o seu testemunho.

“Obrigado! Peço desculpa à/ao caríssima/o leitor/a mas, na realidade, não podia começar de outra maneira.

No entanto, este “começo” deve fazer sentido, visto que é um missionário que hoje vos escreve. Garanto que, a vós, me dirijo com uma felicidade profunda. Aliás, como se diz aqui por Coruche, capital da cortiça, esta alegria é tão grande como o Rio Sorraia que banha todo aquele que dele se atrever a provar. É caso para dizer que os sentimentos que hoje mexem comigo e me fazem sentir bem são, de facto, inenarráveis.

Fazer Missões Familiares Católicas em Coruche é simplesmente sublime e, apesar de ser a terceira vez, em três anos, parece que tem sempre algo novo para nos mostrar e para nos surpreender. Para os que de fora vêm ou para os críticos, não passamos de um grupo de jovens, que “invadem” uma vila e “roubam” o sossego e a habitual calma e tranquilidade a que a maior parte da população de Coruche estava acostumada. Muitos pensam que vimos pedir comida, outros ainda nos dizem “Não temos dinheiro”, mas em boa verdade vos prometo: a única coisa que queremos é tempo. Por vezes um “tempinho”, outras vezes um “tempão”. Queremos tempo para ouvir, falar, ver, sentir, apreciar, admirar, para rir, mas também para desabafar, chorar, ajudar. O objetivo é este e não outro. Aliás, sempre foi! 

Na realidade, há uma parte de mim que acredita que viemos missionar, mas acabámos por ser missionados. Quando pensamos que vamos alegrar, acabamos por ser alegrados. E ainda, por mais difícil que pareça quando pensamos que vamos alumbrar acabamos deslumbrados pelo exemplo, pela partilha e pelas histórias de todos aqueles que, connosco, decidiram partilhar…Por essas inúmeras histórias tão diferentes, mas todas com um significado tão grande e especial.

No meio de tanta missão e de tantos sítios para missionar, como lares, ATL’S, CRIC ou porta-a-porta, acabei por escolher, confiante e conscientemente o ATL da Cáritas. Apesar de no ano passado já ter missionado nesta magnífica instituição, este ano e mais uma vez, fui surpreendido e comovido pela simpatia e alegria da Inês, da Rosa, da Cátia e dos seus “discípulos”. E é engraçado que, também mais uma vez, saio de Coruche com a certeza de que estes jovens com quem estive e partilhei uns belos dias, deixaram de ser simples jovens desta vila, passando à condição dos meus Amigos de Coruche. Madre Teresa de Calcutá disse “Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ela, o oceano seria menor” e foi com essa confiança que me debrucei sobre esta missão, porque a verdade é simples, direta e clara: sem todos aqueles com quem tivemos na Cáritas, este oceano de que fala Madre Teresa, seria muito mais pequeno. Obrigado pela confiança, pelo carinho, exemplo, pela grande ajuda que nos deram nos cenários que foram, definitivamente, um sucesso. Obrigado por estarem presentes, mesmo que por vezes não fosse o que mais queriam e, principalmente, obrigado, por serem vocês mesmos.

Por vezes o conceito de Missão, no seu sentido concreto, pode ser enganador. Acreditem ou não, ninguém precisa de ir para África, ou para Ásia, ou até mesmo para a América para fazer Missão. Garanto-vos que é muito mais fácil. Peço que ajudem quem vos é próximo. Por vezes, a arte mais bela da humanidade é fazer o ordinário de forma extraordinária. Missão é isto e pode começar na nossa casa, ou na escola, na nossa rua, ou na vila, até podemos missionar amigos e família, por isso, desafio-vos a experimentá-lo. Nesse sentido, digo ainda que a maior simplicidade, consegue transformar grandes corações.

Concluindo, gostaria de deixar uma mensagem a todos os jovens com quem contactamos, partilhámos histórias e ouvimos os seus próprios testemunhos, para acreditarem nos seus sonhos e nunca desistirem daquilo em que acreditam. Se quiserem brilhar na vida de hoje, sejam persistentes em tudo, seja na escola ou no desporto. Fomos criados à imagem de Deus, por isso se hoje estamos aqui, é porque Ele tem uma grande Missão para vocês.

Um grande abraço de um Missionário que vai para casa a sentir que deixou em Coruche uma semente que vos poderá ser útil.”

Autor – António Barbosa – Tonixa